Vice...
Série Perfis - Amigo

Sabe aquele menino que, na escola, sentava na segunda carteira e sempre conversava sobre o dever de matemática, a prova de física e o trabalho de biologia. Pois é. O mundo é cheio desses. Todo mundo conhece pelo menos um. Quando cresce, ele se torna...
Na rua ele te vê, de longe, depois de muito tempo, e, em vez do “como vai você?”, ele diz:
- Guilherme, quanto tempo!... tá trabalhando onde?
- Ahn... ah, tô só fazendo uns bicos mesmo. E, você, como é que tá?
- Auxiliar de produção! Mas o supervisor disse que logo, logo eu já viro grau dois...
- E a Lucinha, faz tempo que não vejo... casou?
- A Lucinha tá bem, tá trabalhando no banco. Gerente. Passou no concurso. Você não ia fazer também aquele concurso?
- Pois é, não deu... Rapaz, olha só!... parece de revista aquela moreninha...
- Ah, é a Maria Amélia. Atendente ali na padaria do Agenor. Dizem que é ruim de serviço... Mas falando do concurso, fiquei sabendo que vai ter outro. Parece que as inscrições já abriram...
- Falô... Mas o que cê tá fazendo aqui na praça numa hora dessas?
- Dia de folga. Trabalho seis, folgo um. Preferia quando era 12 por 36. Mas, pelo menos, o salário é bom. Superior ao do mercado. Fora os benefícios, claro. Mas o sindicato tá brigando por mais! Sabe como é, né? Tá chegando a data-base...
- Beleza... mas eu tenho que ir indo, Gilberto. Bom vê você de novo.
- Pra que a pressa? Não tem que bater o ponto mesmo... Sabe Guilherme, sempre que eu te vejo eu lembro daquela vez que você me passou a resposta na prova de física. Não esqueço nunca... A professora quase pegou, lembra?
- Pura adrenalina... mas eu tenho que chegar ali adiante, cara...
- Tá indo pr’aquele lado? Coincidência. Eu também. Tô indo ali visitar a Goreti. Tá desempregada coitada...
E agora, José?

Só o Fogo da Poesia Pode Descrever


Série Grandes Encontros - NA PRAÇA

A Mentira nunca chega em boa hora. Não sei se o fato de ter perna curta tem alguma coisa a ver com isso, mas o que acontece é que ela nunca é bem-vinda. Está certo que vem de uma família muito complicada. Depois que o pai dela foi mandado embora, a vida deles se tornou um inferno. Dizem, na vizinhança, que muitas vezes ela até está cheia de boas intenções, mas sempre acaba arrumando confusão.
Teve uma vez, já faz um tempo, ela resolveu filantropar. Arrumou uma boa causa social e saiu pra rua, batendo de porta em porta. Mas a danada falou tanta abobrinha pra sensibilizar o povo que nem o Mais Ingênuo caiu nas conversa dela e a boa causa social, de quebra, nunca mais conseguiu um donativozinho sequer.
Taí um dos motivos daquele encontro ter sido comentado em todos os salões e barbearias da cidade. A Mentira tinha sido vista na praça, passeando acompanhada do Prof. Be Quiet, aquele que dá aulas de meditação. Aos que diziam que as pessoas nunca mudam, chegava aí uma grande surpresa.
A Mentira mudou-se para o Tibet. Prometeu abrir a boca só quando tivesse certeza. Nesse caso, seria só pra bocejar, claro, afinal de contas o nome dela estava no sangue. E até hoje o pessoal fica esperando notícias. Seria verdade a promessa dela? O professor não arriscava dizer. Estava só aproveitando a montuera de novos alunos que a Mentira havia lhe arrumado. O mundo é cheio de esquisitices...
Não Aconteceu em Varginha



Corrupção é Crime Hediondo
Urge que algumas das entidades da sociedade civil iniciem campanha por um projeto de lei do qual conste basicamente o seguinte:Eu só colocaria mais uma coisinha na lista do Dalvo: ninguém envolvido em crime de corrupção pode ter direito a foro privilegiado. Muito pelo contrário: se o cara é juiz, advogado, deputado ou governador, as restrições devem ser ainda piores. Cela especial? Só se for em um presídio de segurança máxima. Enquanto os 180 milhões de mansos não se rebelarem (civilizadamente) contra essa zona, não adiantará nada falar de melhor educação, saúde... Se queremos reduzir impostos, o melhor começo é a erradicação do mais injusto dos impostos: a Corrupção. Se você acabou de colocar um deputado e um senador lá em Brasília, peça para ele retribuir seu voto só com isso: uma lei que interprete a corrupção como ela realmente é: um Crime Hediondo.
- O roubo do dinheiro público é crime hediondo, inafiançável e imprescritível;
- O dinheiro roubado deverá ser integralmente devolvido aos cofres públicos;
- As penas serão definidas na Justiça criminal, pois roubo de dinheiro público significa morte em hospitais, morte a médio e longo prazos por falta de saneamento básico e de educação pública com qualidade;
- O condenando não terá direito à progressão ou a qualquer indulto.
1x3
Velho

Cansaço ou Cagaço?
A Novidade

Alô. Roberto? Que bom te achar em casa. Faz dias que eu estou tentando falar com você. Mas cadê crédito pra isso? Interurbano você sabe como é, né? Mas aí comprei esse celular novo que já vem com cinco real de crédito. Aí pensei: agora eu conto pro Beto a novidade! Por isso tô te ligando. Mas antes, anota aí o meu número novo: nove, nove, nove, nove, um, dois, três...
Tu, tu, tu...
9999.123 0?
Pronto. Carlos Otávio, por quê? Você quer falar com quem? Não conheço Mariinha nenhuma, não.
9999.123 1?
Sua chamada está sendo encaminhada pra a caixa de mensagens e será cobrada após o sinal...
9999.123 2?
Alô. Com quem você quer falar? Mariinha? A irmã da Cleusa? Não a irmã da Cleusa tem outro nome. Bete, ô Bete, qual é o nome mesmo da irmã da Cleusa? Não, a Lurdinha eu lembro o nome, aquela outra que...
9999.123 7?
W5XABCD Designs and Comunications, boa noit...
9999.123 3?
Turuli! Ligação gratuita. A Telemar informa: não é possível complet...
9999.123 4?
Turuli! Ligação gratuita. A Telemar inform...
9999.123 5?
Aloã... Quem? Uau, que voz grossa a sua! E ainda tem gente no mundo que chama Mariinha, meu querido? Se servir uma Marlene, sou toda ouvidos, meu anjo...
9999.123 6?
Cláudia, eu já te disse pra parar de me ligar! Ahn... Perdão... Pensei que fos... É, foi engano, sim...
9999.123 7?
W5XABCD Designs...
...
9999.123 8?
Alô. Beto?! Nossa, nem acredito que me achou! Não sei o que aconteceu com meus créditos. Pois é. Quantas vezes?E duas vezes pro 7?! Nossa. Brigada pela atenção... Se você começasse do nove eu ia ser a segunda tentativa, né? Ah, é mesmo: a novidade. Bem, euzinha, sua vizinha mais querida, vou voltar pra casa amanhã cedo! Nossa, Beto, que desdém... Pensei que ia ficar feliz em saber... credo...
De novo...
Pergunte ao Leitor - Questão Nº 2: A Nata
Valeu, Mengo!
Torcida do Flamengo dá show no Maracanã

As Meninas do Cine Rio Branco - (parte 1/3)
Aqui no blog só a primeira parte... vale a pena buscar o restante.
Boas Notícias - Cold facts
Sobre culpas e traumas....

Aconteceu que eu tinha ganhado, no dia anterior, um lápis dos “Comandos em Ação” e, de repente, ele estava na carteira do colega do lado. Eu ainda tentei avisar que era meu e ele disse que não e ainda por cima tinha um cúmplice pra dizer que foi junto com a mãe dele comprar. Uma confusão danada. Bem no dia em que a professora titular tinha ficado doente. Rapaz, mas a substituta me xingou tanto... Não lembro de nenhuma palavra, nem sequer o nome dela, mas a cena dela gritando na minha frente jamais apagou da minha cabeça.
Desde então, todos os meus problemas, dos pequenos traumas psicológicos às grandes questões existenciais, têm ela como única culpada. Ora, aos seis anos de idade ainda é muito cedo para se aprender sobre injustiças e ironias.
Injustiça eu só deveria ter aprendido na feira de ciências da sexta série quando preparamos um vulcão que soltava lavas de sal de frutas Eno e anilina vermelha e mostramos a evolução do macaco virando gente com efeitos de uma lanterna dentro de uma caixa escura e quem ganhou o prêmio foi a filha do doutor que levou pelo terceiro ano consecutivo o vídeo emocionante de um parto ou qualquer coisa parecida.
E ironia é matéria que se aprende mais tarde ainda, na catequese, naquela parte que Jesus diz: “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra.” Pelo menos é uma ironia construtiva. Não com aquela cara de superioridade da professora substituta pra cima de mim, meio que rindo por eu estar chorando. Inesquecível.
No dia seguinte, substituíram a substituta. Não sei se meu lápis teve alguma coisa a ver com isso, mas o fato é que nunca mais vi a tal. Então, professora substituta do pré-primário, de onde você estiver... vá pro quinto dos infernos!!!
Pronto. Falei.
Quantos volts são necessários para acender uma idéia?

Fé...
Será que pega?
Pureza
- Esse moço aí tá na tua frente, dona Mercês.
- Moço, deixa eu ir primeiro... Aí, Josias, ele deixou. Sou eu a próxima. Me diz, Jusias, como eu faço pra sarar de... depressão?
- Esquece, Dona Mercês, pensa em coisa boa.
- Ahn... Esquecer? Se esquecer sara? Mas eu não consigo, Jusias. Tô morrendo de medo de morrer. Você tem medo de morrer, Jusias?
- De jeito nenhum.
- Mas você nunca fez coisa errada, Jusias?!
- Claro que fiz. A gente não pode é persistir no erro, Dona Mercês.
- Ahn... E Deus sabe tudo da vida da gente, Jusias?
- Tudo!
- Mas tudo mesmo?
- Claro.
- Sei... Ô, Jusias, faz dez anos que eu parei de fumar!
- Graças a Deus, Dona Mercês.
- Graças a Deus. Você sabe que o que acabou com o José foi o cigarro e a bebida, né, Jusias? O José bebia demais.
- Pois é.
- Por isso que ele me batia, né, Jusias? Era a bebida.
- A bebida, Dona Mercês.
(silêncio)
- Ô, Jusias, tô com um medão danado de morrer! Moço, você não tem medo de morrer, não, né? ... Aí, Jusias, o moço também não tem medo de morrer.
- Não precisa ter, Dona Mercês.
- É. Não precisa. A moça lá na igreja me disse que sem Jesus não tem jeito, Jusias!
- Não tem, Dona Mercês, não tem.
- A gente tem que ter Jesus no coração, né, Jusias?
- Claro.
- Mas me diz, Jusias: como eu faço pra sarar dessa depressão?
- Toma seu remedinho e esquece, Dona Mercês.
- Eu tomo remédio,mas não sou louca não, Jusias.
(silêncio)
- Jusias... Faz dez anos que eu parei de fumar!
- Graças a Deus, Dona Mercês.
- Graças a Deus, graças a Deus... Ô, moço, obrigada por ter me deixado passar na sua frente. Você não tá com pressa não, né? Acho que meu cabelo hoje vai demorar... Né, Jusias?
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