Tempo desses atrás, o pessoal andava meio maniado com esse negócio de especializações. Argumentando que esse mundão é muito cheio de variedade, resolveram simplificar e saíram com a máxima – ou seria mínima? – de que se o cidadão soubesse muito de um assunto só já estaria habilitado a sobreviver por aí. Foi a maior fabricação de gente bitolada e chata que se tem conhecimento na história da humanidade.
E como a vida é sempre carregada de efeitos colaterais, ainda hoje se encontram muitos desses perambulando pelas cidades em busca de um ouvido para suas repetições. Exemplares dessa espécie adoram comparações e conhecem tudo sobre marcas, raças, preços e técnicas de manejo. Têm uma capacidade grande em guardar datas, números e padronizações. Participam de simpósios, congressos e seminários formais sobre o tema. Freqüentam associações, clubes e outros grupos onde as conversas não são nada informais. Daí sua dificuldade.
Para minimizar esse sofrimento, este capítulo do Manual Cotidiano de Assuntos Amenos para Colóquios Informais vem trazer duas de suas dicas:
A primeira coisa a se levar muito em conta é que nem todo mundo, por mais amigo ou amiga que pareça, tem tempo, saco e interesse pra escutar a sua mesma ladainha toda vez que te encontra. Se você só sabe de um assunto, mantenha-se ao menos atualizado, para, na medida do possível, trazer uma novidade, pra variar a conversa um bocado.
Outra coisa – essa bem mais importante: mapeie bem seus interlocutores. Saiba diferenciar aqueles que sabem menos ou mais do que você dentro da sua especialidade, de forma a não levar a conversa mais longe do que deve. Porque deve ser por demais constrangedor ser pego dizendo falácias logo sobre a SUA especialidade.
Portanto, sendo você um especialista confesso, estude mesmo. Seja futebol ou pescaria, automóveis ou bijuteria, informática, passarinho, música ou televisão, se for pra falar sobre um assunto só, que fale direito. Esforçando-se ao máximo pra não ser muito chato. E, de preferência, bem longe de mim.
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