E agora, José?
Quando cheguei no passeio, o camburão virava a esquina. Quis ficar, me explicar, afinal havia agido em legítima defesa. Acho que foi o barulho da sirene que fez minhas pernas tremerem mais do que deviam e então eu saí correndo. Na direção contrária. A Doroty, cachorrinha da Bernadete, correu atrás de mim. Latindo desesperada. Sempre desconfiei que ela tinha um caso com o gato falecido.
Só consegui me distanciar quando fui descer o escadão da praça. É que meu pé esquerdo errou o terceiro degrau. Quando acabei de rolar, lá em baixo, não tinha nem sinal de cadela ou polícia. Pude ir andando sem muita pressa pra casa da vó. Ela me achou meio pálido. Mandou que tomasse um café com bolo de fubá. Tinha acabado de fazer. Fiquei sem graça de falar que não tinha almoçado ainda.
Ela me contou que o plantão no rádio dizia que a polícia estava atrás de um foragido. Parece que o cara matou o gato de estimação da vizinha, ela disse, enquanto eu tentava disfarçar os machucados. “Nessa hora o rádio tocou a música do “deus tava namorando” de novo. A vó disse que não agüentava mais aquela música e perguntou se era sangue aquilo no meu cotovelo.
Então a campainha tocou. Ganhei tempo pra pensar numa resposta. A vó não ia gostar de saber que seu neto preferido era o fugitivo da polícia. Aí pude escutar uma voz, dessas de fofoqueira, contando, lá na porta, que o neto dela estava fugindo da polícia. “Assassinato, Dona Mercês!”
É lógico que a vó não ia se incomodar de me esconder na casa dela por uns tempos. Mas eu não queria trazer aborrecimentos. Pulei a janela. Caí em cima da roseira. Matei a rosa. Segui correndo, deixando um rastro de sangue no quintal. Êta roseira pra ter espinho cumprido!
Na rua outra vez, eu não tinha a menor idéia de aonde ir. Doíam muito os cortes e ralados que consegui durante a fuga. E o bolo de fubá estava dando uma queimação tremenda. Parei no ponto de ônibus onde pensei que poderia ficar paradão sem levantar nenhuma suspeita.
Um moleque, de mãos dadas com a mãe, cantarolava a música do “deus tava namorando” até que me viu ali. Arregalou os olhos e cochichou não muito baixo com ela: “acho que é o assassino da televisão”. Eu já estava na TV?!
A mãe, toda nervosa, tentou disfarçar uma tranqüilidade e correu pro orelhão ali do lado. Pude ver que discou apenas três números. Sem cartão.
Pensei em entrar no ônibus que acabava de parar, mas não tinha nem uma moedinha no bolso. Correr nem pensar. Foi aí que um rapaz parou a bicicleta no passeio e entrou na padaria em frente. Minha chance?
Parte IV - Dia 21 de setembro - Será o fim?
Busca
Ranking do Bolão
Participantes do Bolão
Arquivo do blog
-
▼
2007
(117)
-
▼
fevereiro
(16)
- 'Cinco Ésses do Cotidiano'
- Espirrando no domingo...
- Atchim - Invenção do Cinema (Thomas Edison)
- E agora, José? - Encerrada a 1ª Votação!!!
- Olhai pro céu, olhai pro chão...
- Quase famosos. Publicados no overmundo. . .
- Tem cara de quê?
- E o José?
- Bastidores...
- O Retorno do FeedBack
- Um Até Breve, Wanderley...
- Avaliando a 1ª edição...
- making off.... Bendita Gula
- Tiragem da Primeira edição
- E agora, José?
- Enfim, a primeira edição!!!
-
▼
fevereiro
(16)
Carambinha! Que raio de "Ops... As enquetes não estão disponíveis no momento, volte mais tarde." é esse??? Vou reclamar no PROCON de visitantes de sites... Hã! Foi uma puxada de tapete! Rádios e curiosidade matam o gato, viu?
ResponderExcluirPuxa vida! Quando ia receber o segundo voto, não funcionou?!?
ResponderExcluirNão acredito... só pote ser boicote...tentei lá e alterei meu voto sem problema... será que nenhum dos milhares de visitantes que passam por aqui não consegue votar? Está explicado o fracasso total...