terça-feira, 26 de outubro de 2010
Carta para o Chico Buarque...
O FUTURO ESTÁ A FRENTE NÃO NO SÉCULO PASSADO .
Ô, Chico, quebra essa.
Chico, você foi, é e será sempre nosso grande compositor. Pelo que
você foi pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo.
Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar na Dilma por
falta de opção, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião
do seu mais incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor.
Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o
Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com
ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do
bêbado que contava como se tinha machucado tanto.
Cambaleante, ele explicava: Eu vi dois touros e duas árvores, os que
eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era aí veio o
touro que era e me pegou. Acho que nós votamos no Lula que não era
aí veio o Lula que era e nos pegou.
Chico, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte.
Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando
a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa
geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores
que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido.
Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem
adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles
que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que
deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem
o cinismo de olimpicamente perdoar os companheiros que erraram quando
a corrupção é descoberta.
Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é mesmo? Erraram? Ora,
Chico. O erro é uma falha acidental, inv oluntária, uma tentativa
frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o
Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula,
mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os
genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis,
okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva,
burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas,
berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos,
vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão
abundante,desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por
seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são
desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e
consolo, merecem cadeia.
Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar.
Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos
r ompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na
irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é
exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a
propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush,
com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas
por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe
que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas
alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do
expediente.
Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em
especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão.
Explica o Aurélio Buarque de Hollanda, seu tio, que elite, do francês
élite, significa o que há de melhor em uma sociedade, minoria
prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos. Poxa!
Na mosca. Ele sabe que seus inimigo s são as pessoas do povo mais
informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a
eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez
que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela
independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura,
pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para
tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas
ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós
entramos.
Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer
diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que
pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio
das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa , não
deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego
como Lula, Chávez, Evo Mora les, Fidel - herói do Lula, que fuzila os
insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua democracia.
Nossa herança deveria ser a experiência que
acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser
governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente
com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para
esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que
deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que
permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o
contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o
ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa
em tempos distintos.
Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da
referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal
que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de
justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser
cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.
Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom,
veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos.
A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens
importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por >
desbotarem na memória de nossas novas gerações.
Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no
dia 3 de outubro, vai se arrepiar.
Seu admirador número 1,
Zé Danon
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